Queda de homicídios chegou a 32% em comparação com o mesmo período de 2017; dados foram apresentados em coletiva pelo governador Renan Filho nesta quarta-feira (4) Thiago Sampaio |
Texto de Petrônio Viana
O Estado de Alagoas registrou o menor número de homicídios no
primeiro trimestre nos últimos 10 anos. Os dados foram apresentados em
entrevista coletiva concedida na manhã desta quarta-feira (4), no
Palácio República dos Palmares, pelo governador Renan Filho e pelo
secretário de Estado da Segurança Pública, Lima Junior.
De acordo com as informações levantadas pelo Núcleo de Estatística e
Análise Criminal (Neac) da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a
queda chegou a 32% em comparação com o mesmo período de 2017. De janeiro
a março, foram registradas 411 mortes violentas no Estado, contra 608
nos primeiros três meses do ano passado. Na série histórica dos últimos
10 anos, esse número chegou a 626 em 2011.
No mês de março, foram 133 ocorrências, uma redução de 33% em
comparação com as 198 registradas no mesmo mês de 2017 e também o menor
índice da última década. Em março de 2011, 232 pessoas foram vítimas de
morte violentas, de acordo com a série histórica. Na comparação com
2017, Alagoas registrou, em janeiro, 162 mortes, em fevereiro, 116 e em
março, 133. Nos mesmos meses do ano passado, esses números foram de 208,
202 e 198, respectivamente.
“Vivemos o primeiro trimestre menos violento dos últimos 10 anos.
Este ano, tivemos 197 mortes a menos do que no primeiro trimestre do ano
passado. Isso é algo muito significativo. Seria o mesmo que não ter
nenhum homicídio na capital durante cinco meses. Na série histórica do
trimestre, nós tivemos três anos com números muito próximos, entre 1.813
e 1.917, em estabilização. Houve uma pequena curva ascendente, mas
Alagoas chegou a ter 2.417 homicídios em. Quando a gente compara o
quadriênio de 2015 a 2018 com 2011 a 2014, talvez seja Alagoas o único
Estado do Brasil que reduziu violência nesse período. Isso é muito
significativo em se tratando do Nordeste. Isso afeta setores como o
turismo. Aqui em Alagoas, nós tivemos, com relação a 2014, uma média de
redução de 300 a 400 homicídios”, explicou Renan Filho.
O governador lembrou a onda de violência registrada na maioria dos
estados brasileiros no início de 2017, causando revoltas em presídios e o
enfrentamento, nas ruas, de integrantes de facções criminosas rivais, o
que provocou um aumento no número de mortes registradas em Alagoas.
Porém, de acordo com Renan Filho, a crise no Estado foi revertida graças
às políticas integradas de segurança pública. Os números, na avaliação
do governador Renan Filho, refletem os esforços do Estado na integração
de políticas públicas.
“No ano passado, tivemos uma elevação no número de homicídios no
primeiro trimestre, chegando a 608, justamente porque vivemos aqui um
início da guerra de facções criminosas registrado em todo o país, que
não foi estabilizada na maioria dos outros lugares. Em Alagoas, isso foi
contornado e tivemos o melhor resultado dos últimos 10 anos no
trimestre em 2018. Isso demonstra que ações da segurança pública como a
Força Tarefa, os Centro Integrados, os avanços no âmbito da tecnologia
como os radiocomunicadores digitais, o laboratório forense, isso tudo
integrado ao trabalho das polícias Civil e Militar, tem trazido para
Alagoas esse resultado”, avaliou o governador.
“Alagoas caminha na contramão da crise. Enquanto o Brasil inteiro
explodiu em violência, a gente reduz violência de forma continuada e
tendo os melhores resultados justamente neste ano em que outros estados
do Brasil estão com crise no sistema prisional, salários atrasados no
aparato de segurança, entre outros problemas. Aqui, seguimos reduzindo a
violência. Houve uma mudança na postura, com investimentos em
segurança, convocação da reserva técnica e realização de concurso,
lançamento do programa Ronda no Bairro. Vivemos um momento de dedicação
dos agentes da segurança pública e uma maior proximidade com a
população”, lembrou.
Renan Filho apresentou ainda o gráfico que mostra o percentual de
homicídios registrados em Alagoas para cada 100 mil habitantes. “Essa é
uma curva importantíssima. É a curva do comportamento. Em dezembro de
2011, eram quase 80 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes em
Alagoas. Em março de 2018, são 50 para cada grupo. Essa é a diferença
que tirou Alagoas do primeiro lugar na violência no Brasil por quase 10
anos e colocou o Estado na quinta posição e Maceió na nona posição entre
a capitais. Nós estamos hoje no menor ponto dessa curva”, apontou o
governador.
Maceió
O número de homicídios na capital alagoana no primeiro trimestre de
2018 também foi o menor registrado na última década. No período, foram
134 ocorrências em Maceió, uma redução de 40% com relação as 225
registradas no período em 2017, ainda sob a influência do enfrentamento
de facções criminosas no Brasil. Na série histórica, Maceió chegou à
marca de 254 mortes violentas no primeiro trimestre de 2011.
Em janeiro, a capital alagoana registrou 54 homicídios. Em fevereiro,
37 e, em março, 43 mortes violentas. Nos mesmos meses do ano passado,
os números chegaram a 79 em janeiro e 73 em fevereiro e março. “É na
capital onde ocorre a disputa pelo mercado da droga com mais ênfase, o
que aumenta o número de crimes contra a vida. Tivemos elevação do ano
passado como consequência da disputa entre facções. No mês de março,
entre 2010 e 2013, as mortes giravam em torno de 80. Em 2008, foram 95.
Em março de 2018, tivemos 43, um patamar muito abaixo. No trimestre,
tivemos redução em 2015 e 2016. Em 2017 tivemos um resultado próximo,
mas um pouco mais elevado, e em 2018 a gente conseguiu reduzir
novamente, demonstrando que a segurança pública hoje em Alagoas tem uma
capacidade de resposta maior do que média nacional. Só na capital o
número de vidas poupadas no trimestre em relação ao ano passado foi de
91”, destacou o governador.
Para cada grupo de 100 mil habitantes, segundo Renan Filho, a redução
no número de mortes em Maceió também chama a atenção. “Em 2008, o
gráfico mostrava mais de 100 homicídios para cada grupo de 100 mil
habitantes. Hoje, estamos com 55 para cada 100 mil. Isso é metade do que
a violência já foi aqui na capital em relação a mortes violentas.
Quando você reduz o número de homicídios, todos os outros crimes tendem a
ser reduzidos, porque o crime mais difícil de combater é o crime contra
a vida, que se relaciona com o mercado de drogas. No Brasil, o número
de mortes hoje é o dobro do que já foi no passado, com uma onda de
violência”, acrescentou o governador, lembrando que os dados sobre
homicídios informados pelo Estado de Alagoas são considerados hoje, pelo
Governo Federal, como os mais fiéis e precisos do Brasil.
Novos esforços
Para o secretário da Segurança Pública, Lima Júnior, os números do
primeiro trimestre só reforçam o trabalho integrado que vem sendo
realizado pelas forças policiais. Ele também destacou o grande resultado
obtido durante a Semana Santa, que historicamente era mais violento que
outras datas. Com isso, foi montada um grande esquema de segurança para
realizar operações e abordagens em todo o Estado, o que resultou em
queda dos números. Ele também agradeceu a parceria e os investimentos
realizados pelo governador Renan Filho na pasta.
"É gratificante fazer parte de um governo que realiza investimentos e
deu nova cara à Segurança Pública. Hoje temos 12 Centros Integrados em
funcionamento, ordens de Serviço para assinar, além de contarmos com a
importante parceria da sociedade. Tudo isso reforça nosso empenho para
continuar trabalhando para manter Alagoas cada vez mais segura",
finalizou.
De acordo com Renan Filho, os esforços para redução dos índices de
violência em Alagoas serão intensificados, principalmente com as
estratégias da Força Tarefa e dos Centros Integrados de Segurança
Pública (Cisps). Os Cisps de Tipo 2, segundo o governador, deverão ser
construídos em cidades estratégicas, que apresentam altos índices de
violência.
“Com o Cisp Tipo 2, vamos ocupar agora algumas grandes cidades que
precisam do olhar especial da Segurança Pública, como Rio Largo, Pilar,
Coruripe, Teotônio Vilela e Atalaia. Essas são as cinco cidades que,
somadas, chegam a 300 mil habitantes e nós vamos utilizar essa
estratégia para aumentar efetivo e reduzir violência, além do avanço dos
Centros Integrados do Tipo 1 para cidades em torno de 30 mil
habitantes. Também vamos aliar esses esforços à convocação dos aprovados
no último concurso público e na realização de novo concurso público em
2018. Com menos violência hoje, a tendência é registrarmos menos
violência no futuro, principalmente com a integração de políticas
públicas de curto prazo, sobretudo as ações de polícia com investigação,
inteligência e investimentos, com as ações de médio e longo prazo, com
geração de emprego, escolas em tempo integral, prevenção, cuidados com a
ressocialização de menores e mais oportunidades para a juventude”,
explicou.
AGÊNCIA ALAGOAS
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