Roberto Rugiero é um defensor da arte produzida pelo autêntico povo brasileiro (Foto: Ascom/Imprensa Oficial) |
Texto de Patrycia Monteiro
O galerista Roberto Rugiero, um dos maiores especialistas em arte
popular do Brasil, está desembarcando em Maceió nesta quinta-feira
(27), para participar da abertura da mostra A Floresta Encantada de
Manoel da Marinheira, promovida pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
O evento, que será realizado nesta quinta-feira (27/7), às 20h, no
Complexo Cultural do Teatro Deodoro, é gratuito e aberto ao público. A
cerimônia contará com a apresentação da Orquestra Filarmônica de
Alagoas.
Fundador da galeria Brasiliana, de São Paulo, Rugiero é um defensor
da arte produzida pelo autêntico povo brasileiro. “Estou de acordo com o
antropólogo colombiano Alfonso Cano. Para mim, a arte popular é a que
mais representa a identidade de um povo. Ela é, ou deveria ser, a arte
nacional de todos os países”, afirmou, em recente entrevista publicada
na revista Graciliano Arte Popular.
Segundo ele, Alagoas é o berço de grandes artistas ‘espontâneos’ –
como prefere denominar -, colocando-se como admirador de alguns nomes
consagrados. “Na minha opinião, a ceramista Sil, ao lado de Zezinha, do
Vale do Jequitinhonha (MG), é o que há de melhor na cerâmica nacional.
Resêndio, de Porto Real do Colégio, é excelente, assim como Zezinho, de
Arapiraca”, cita.
Roberto Rugiero destaca, ainda, que entre as grandes revelações do
Estado está a ceramista Tita, relembrando também grandes mestres do
passado como João da Lagoa, de Girau de Ponciano; mestre Dedé, que
morreu este ano, e o pintor cearense Vicente Ferreira, que viveu a maior
parte de sua vida em Maceió.
O galerista acrescenta que a arte popular brasileira e alagoana
atravessa uma boa fase de reconhecimento, embora ainda tenha grandes
desafios para superar. “Apesar da valorização crescente, o preços
mercadológicos da arte popular ainda são muito inferiores ao seu valor
intrínseco”, argumenta, mencionando que os artistas populares
brasileiros ainda são pouco conhecidos no circuito americano, onde a
arte popular mexicana e centro-americana é mais consumida. “Somos mais
apreciados na Europa, onde há bons colecionadores, sobretudo na França,
Alemanha e Itália”, explica.
"Ao contrário do que muita gente pensa, o colecionador de arte
popular é sofisticado e cosmopolita. A arte popular, por paradoxal que
pareça, em termos de mercado, é para gente sofisticada e isenta de
esnobismo. Gente que conhece museus e galerias, inclusive
internacionais, mas que não sente vergonha de se sentir brasileira",
diz.
Agência Alagoas
Nenhum comentário:
Postar um comentário