sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Educação lança série especial com reportagens sobre escolas históricas de Alagoas

Texto de Lucas Leite

Em comemoração aos 200 anos da emancipação política de Alagoas, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) publica uma série de matérias especiais para contar a história de algumas escolas da rede pública estadual. As reportagens têm início nesta quarta-feira (6) e seguem até o 16 de setembro, data em que a emancipação é comemorada.

Ao longo de 168 anos, estudantes e professores passaram pelas portas do Liceu Provincial, o antigo Liceu Alagoano, deixando suas marcas. Entre várias sedes e nomes, o ‘Colégio Estadual’, como depois ficou conhecida a unidade escolar, percorreu os bairros do Centro e do Farol, onde permanece até hoje, com o nome de Escola Estadual Edmilson Pontes.

Jovesi de Almeida Costa, professora aposentada de Geografia, relembra com saudades a época em que lecionava. Entre idas e vindas, a professora relembra exatamente a data em que passou a fazer parte do corpo docente da escola.



“Entrei no dia 1º de abril de 1968. O colégio ainda ficava no Centro e tinha o melhor ensino do Estado. Diversos políticos e personalidades passaram pela escola. O sucesso que tínhamos era devido à qualidade da educação e a divisão do corpo docente”, explica a professora.

A educadora relembra ainda do professor que, posteriormente, foi homenageado dando o nome ao antigo Liceu Alagoano: Edmilson Pontes. “O Edmilson era um grande incentivador da educação no Estado.Tive a oportunidade de, lá na escola, ter como diretor o irmão dele, Benedito Pontes”, diz.

Novo nome

Desde 2002 com o nome de Escola Estadual Professor Edmilson de Vasconcelos Pontes, a unidade continua fazendo história e encantando as pessoas que ainda atravessam a porta em busca de conhecimento.



Há quatro anos na direção, a atual gestora Maria de Fátima Cavalcante conta que a unidade que, desde 2016 oferta o ensino integral, teve um crescimento na procura por matrículas.

“Quando eu cheguei, a escola só tinha 170 estudantes. Atualmente, estamos com 460 alunos do 7º ano do ensino fundamental II à 3ª série do ensino médio. Hoje, nós ofertamos, além da Educação, uma sensação de aconchego e pertencimento por parte dos alunos. A coisa mais linda é ver uma escola cheia de estudantes correndo e brincando. A sensação é maravilhosa”, conclui.

Rosalvo Lôbo

Uma das escolas mais tradicionais da parte baixa de Maceió, a Escola Estadual Professor Rosalvo Lôbo, na Jatiúca, inspira histórias. Desta vez, não no espaço físico, mas gravado nas paredes da memória de quem teve a oportunidade de passar por ela. Tito Cavalcante , poeta e ex-diretor entre 1976 e 1986, foi um deles.


Edlene dos Santos, diretora Kelia, Antônio de Lima e-Tito Cavalcante (Foto: Valdir Rocha)

“Minha paixão por educação começou quando eu estava fora do país, na Dinamarca, e conheci um projeto maravilhoso. À época, ainda sonhava em ser médico ou advogado, mas o projeto me encantou tanto que decidi ser professor. Quando assumi a escola, ela não tinha a mínima condição de abrigar os nossos alunos”, recorda Cavalcante.

Com muito esforço e dedicação, a realidade foi mudando. O gestor implantou a criação de frangos e coelhos e o cultivo de hortas. Todo o material era utilizado posteriormente na merenda. “Como a comunidade era muito carente e havia sempre algum pai desempregado, os estudantes podiam trazer a família para comer na escola. Era como um ponto de apoio”, comenta.

De volta pra casa



A unidade nasceu em março de 1971, uma época em que a Jatiúca e a região da orla marítima de Maceió ainda apresentavam um tímido contingente populacional. Desde então, vários alunos promissores passaram pela Rosalvo Lôbo e alguns tiveram a alegria de retornar à unidade, a exemplo de Edlene dos Santos Silva e Antônio Denisson Rocha de Lima.

“Quando estava estudando na EJA [Educação de Jovens e Adultos], a estrutura era muito precária. Tivemos muitas dificuldades. À época, eu trabalhava como empregada doméstica. Minha vida nunca foi fácil e eu percebi, desde cedo, que só a educação me salvaria”, desabafa Edlene.

Hoje, orgulhosa, ela faz parte do corpo pedagógico da unidade. Responsável pela tradução e interprete de Libras na unidade, Edlene alerta. “Sempre que eu vejo os alunos reclamando de algo, eu mostro como a escola era na minha época. Hoje, ela está maravilhosa, toda reformada, com todos os professores. Gostaria muito de ter isso na época em que estudei”, conta.

Antônio de Lima também teve que enfrentar as adversidades. Assim como Edlene, ele tem o prazer de ver as obras e melhorias da escola de perto. Isto, porque, ele é mestre de obras da empresa responsável pela restauração que a Seduc promove na unidade.

“É uma satisfação imensa ver a minha escola crescendo e melhorando. A vontade que eu tenho é de trazer os meus amigos da época, para mostrar como a Rosalvo [Lôbo] está, sinto muita falta deles. A educação foi essencial. Diferente de hoje, na época não tínhamos uma boa estrutura, mas o ensino já era de ótima qualidade”, finaliza Lima.

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