Daniela Ramos lembra a importância de comunicar à família a vontade de tornar-se doador de órgãos Fotos: Olival Santos e Carla Cleto |
Texto de Marcel Vital
Mais de 75 transplantes foram realizados em Alagoas de janeiro a
julho de 2017. De acordo com os dados da Central de Transplantes de
Alagoas, 65 pacientes receberam novas córneas, enquanto 10 realizaram
transplantes de rim e dois de coração. Realizada em todo o país com a
meta de reduzir o tempo de espera por um órgão, a campanha “Setembro
Verde” reforça a importância da doação como forma de salvar vidas.
Em Alagoas, atualmente 259 pessoas estão na fila de espera para
receber um rim, e outras 147 aguardam por uma córnea. Segundo a
coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, a
doação de órgãos só poderá ocorrer se houver autorização da família. Daí
a importância do potencial doador, ainda em vida, manifestar esse
interesse entre os mais próximos de sua convivência e esclarecê-los
sobre o desejo de se tornar doador após a morte.
“Para se tornar um doador de órgãos, basta avisar à família, elemento
que tem se tornado o principal motivo para a não doação. Mas, além da
falta de comunicação do potencial doador à família, ainda há a
desinformação sobre o tema e os tabus relacionados a motivos
religiosos”, disse.
De acordo com ela, em Alagoas já são realizados os transplantes de
rim, coração e córnea. Eles ocorrem na Santa Casa de Misericórdia de
Maceió e nos Hospitais Arthur Ramos, do Açúcar e Chama, em Arapiraca.
Seja um doador
A morte encefálica, mais conhecida como morte cerebral, representa a
perda irreversível das funções vitais que mantêm a vida, como a ausência
da consciência e da capacidade de respirar; o que significa que o
indivíduo está morto. O coração permanece batendo por pouco tempo e, é
neste período, que os órgãos podem ser utilizados para transplante.
Quando o doador é uma pessoa falecida, podem ser retirados para
transplante duas córneas, dois rins, dois pulmões, fígado, coração,
pâncreas, intestino, pele, osso e tendões. Ou seja, um único doador pode
salvar muitas vidas.
Doador em vida
Também é possível ser doador em vida, sem comprometer a saúde. Nesses
casos, é possível doar tecidos, rim e medula óssea. Ocasionalmente,
também é possível doar parte do fígado ou do pulmão.
Daniela Ramos explicou, ainda, que a família do doador não tem
despesa alguma com o procedimento da doação, que é custeado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). No País, 89% dos transplantes de órgãos são
realizados pelo SUS, segundo dados do Ministério da Saúde. Os órgãos do
potencial doador serão transplantados nos pacientes inscritos na lista
única, de acordo com a compatibilidade entre o doador e a pessoa que
precisa do órgão.
A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas frisou que, além
de salvar pessoas, prolongando, em muito, a expectativa de vida, a
doação pode melhorar a qualidade de vida de quem precisa de um
transplante, permitindo que esses pacientes possam retomar as atividades
normais.
“Aquela pessoa que recebe uma córnea vai voltar a enxergar. Quem
deixar de fazer diálise vai poder voltar a trabalhar, viajar, em vez de
ficar quatro horas por dia preso a uma máquina. Aquele que precisa de um
coração, de um pulmão, e hoje não consegue subir uma escada, tomar
banho, amarrar o sapato, voltará a respirar e sobreviver com o novo
órgão. Isso diminui o sofrimento que muitas pessoas têm e as ajuda a
superar limitações. A doação é um ato humanitário, que pode beneficiar
qualquer pessoa, sem distinção de sexo, credo ou raça”, salientou.
Um desses exemplos é Cláudio da Silva, de 55 anos, que recebeu um
novo coração em março deste ano, após passar por procedimento no
Instituto do Coração da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Depois de
ficar seis meses na fila de espera, atualmente ele segue um
acompanhamento contínuo e só tem agradecimentos por ter sua vida
novamente de volta.
“A cirurgia foi um sucesso, eu fiquei muito feliz que deu tudo certo.
Consigo caminhar e realizar todas as atividades sem me sentir cansado
ou pálido. Isso é uma felicidade que não tem preço”, destacou, ao
aconselhar que as pessoas conversem com seus familiares sobre a
importância da doação de órgãos, para que outros alagoanos como ele
possam voltar a ter uma vida normal.
Agência Alagoas
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