Atualmente 50 reeducandos têm acesso ao curso superior na modalidade de Ensino à Distância, que estão distribuídos em três unidades do complexo
Texto de Janaina Marques
A
educação é um dos pilares da sociedade e incentivar o acesso ao
ensino é uma das metas da Secretaria de Ressocialização e Inclusão
Social (Seris). Para os custodiados do sistema prisional, por meio da
Gerência de Educação, Produção e Laborterapia, são disponibilizados o
acesso à educação em todos os níveis, desde o fundamental até o ensino
técnico, mas a modalidade que vem em constante crescimento é a do ensino
superior. Atualmente, são 50 custodiados cursando a Faculdade sem
precisar sair das unidades prisionais, por meio da educação à distância
(EAD).
A
oportunidade de ingressar no ensino superior já é realidade para os
internos de três unidades do complexo prisional, Núcleo Ressocializador
da Capital (NRC), Presídio Baldomero Cavalcante e Presídio Militar. As
aulas são realizadas por meio da plataforma on-line das instituições,
disponibilizadas por meio da parceria com dois centros de educação, que
são a Universidade do Norte do Paraná (Unopar - Damásio) e a Faculdade
Anhanguera – Estácio. Entre os cursos que são ofertados, estão Ciências
Contábeis, Letras, História, Administração, entre outros.
A
forma de acesso para o reeducando ao ensino superior é mesma ofertada
para a população que se encontra fora das unidades prisionais. O
candidato precisa prestar o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que
também é realizado dentro do estabelecimento prisional. A nota do exame
servirá para que o custodiado tenha acesso ao Programa de Universidades
para todos (Prouni), ou ele também pode ingressar por meio do
vestibular das próprias instituições de ensino. Após a aprovação, o
candidato já poderá cursar a faculdade. As aulas são ministradas através
do site da instituição, que acontece nos laboratórios de informática,
instalados dentro dos presídios, facilitando o ingresso do aluno ao
curso, além de garantir o deslocamento até as aulas sem que seja
necessário a utilização de escolta externa, caso as aulas fossem
realizadas na instituição de ensino.
Mas
as ofertas na área de educação superior no sistema penitenciário
alagoano não param por aí, já é possível cursar uma pós-graduação por
meio da modalidade EAD. Atualmente um custodiado do presídio Baldomero
Cavalcante já utiliza a modalidade. A previsão é que mais alunos tenham
acesso à especialização após a conclusão do ensino superior.
Segundo
o Secretário de Ressocialização e Inclusão Social, Cel. PM Marcos
Sérgio de Freitas, possibilitar que o reeducando tenha acesso à educação
é fundamental no processo de inclusão social. “Educação é o vetor de
transformação na vida de todo cidadão, e poder disponibilizá-lo para os
nossos custodiados é cumprir uma das missões da nossa secretaria, que é
de conseguir por meio da educação criar oportunidades de inclusão
social”, frisou.
Educação transformando vidas
Alessander
Ferreira é um dos alunos do curso de Letras da Unopar. Ele e 24
reeducandos têm aulas diariamente no laboratório de Informática do
Núcleo Ressocializador da Capital (NRC). Para ele, estar cursando uma
faculdade é mais uma etapa vencida, que começou quando ele ingressou no
sistema prisional alagoano, em 2011. Na época, Alessander só havia
estudado até a 6ª série do Ensino Fundamental, mas com as oportunidades
ofertadas pela Supervisão de Ensino da Secretaria de Estado de
Ressocialização e Inclusão Social (Seris), em pouco tempo, está
realidade mudou.
O
apenado conseguiu, em 2013, concluir o ensino fundamental ao participar
da turma de supletivo no presídio Cyridião Durval. No mesmo ano, mais
outra chance surgiu e não foi desperdiçada. Desta vez, Alessander
finalizou o Ensino Médio, com certificação ofertada pelo Enem. Já neste
ano, veio a aprovação em Letras, Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
no entanto, por questões jurídicas, não conseguiu cursar a faculdade.
Mas com a implantação da modalidade EAD no complexo prisional, ele
finalmente conseguiu ingressar no curso de Letras. Atualmente, ele já
está no terceiro semestre do curso de Letras da Unopar.
“A
experiência de estar cursando o ensino superior dentro do sistema
prisional é maravilhosa, eu não tive a oportunidade de estudar quando
estava em liberdade e só depois de preso eu consegui concluir meus
estudos. A faculdade EAD está abrindo um leque de conhecimentos muito
grande. Como diz Paulo Freire, a educação liberta, então eu vou sair
daqui com outra visão de mundo, eu me senti até mais cidadão depois que
eu comecei a fazer a Faculdade”, afirmou Alessander Ferreira.
Este
ano Alessander passou novamente no Enem, desta vez para o curso de
Engenharia de Energias Renováveis, da Universidade Federal de Alagoas
(Ufal). Agora ele aguarda a progressão de pena para o regime semiaberto
para conseguir realizar mais um sonho, cursar uma faculdade presencial.
Agência Alagoas
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