Evento será realizado no próximo dia 14 de novembro como parte do Mês da Consciência Negra
Homenageados da solenidade do Tia Marcelina 2018 Letícia Sobreira |
Texto de Ana Cristina Sampaio e Joanna de Ângelis
Sete
personalidades serão agraciadas este ano com o Prêmio Tia Marcelina,
uma homenagem à ex-escrava de origem africana, descendente do Quilombo
dos Palmares e matriarca do Candomblé em Alagoas. O evento acontecerá no
próximo dia 14, no Jatiúca Hotel & Resort, em Maceió, a partir das
18h30.
O
Prêmio Tia Marcelina é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da
Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), em
parceria com o Conselho de Promoção da Igualdade Racial de Alagoas
(CONEPIR). Foi criado em 2016 pelo governador Renan Filho para
reconhecer e agraciar pessoas e entidades que atuam na luta pela
igualdade racial e trabalham para a promoção dos direitos dos negros e
negras em Alagoas.
A
secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva,
mulher negra e indígena, ressaltou a importância de reconhecer o
trabalho de pessoas que lutam diariamente contra a desigualdade social,
racial e cultural. “Precisamos de união. Todos os dias somos desafiados a
quebrar estereótipos e preconceitos encarnados em nossa sociedade. A
valorização e a promoção das pessoas que escolheram como missão de vida a
batalha por justiça e respeito é um passo importante no caminho da
igualdade”, afirmou a secretária.
Homenageados 2019
Os escolhidos para receber a honraria do Prêmio Tia Marcelina deste ano são:
Valdice
Gomes da Silva, jornalista e editora da Coluna Axé do jornal Tribuna
Independente e vice-presidente do Centro de Cultura e Estudos Étnicos
Anajô, onde coordena o Projeto Vamos Subir a Serra; Eliane Silva,
coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST);
Mirian Araújo Souza Melo, conhecida como Mãe Mirian, mais antiga
matriarca da religião afro-brasileira em Alagoas; Amaro Félix Filho e
Alaíde Bezerra dos Santos, quilombolas e lideranças do povoado de
Tabacaria, em Palmeira dos Índios, e Ana Paula de Oliveira Santos,
pescadora e pesquisadora, bacharel em Ciências Sociais, licencianda em
pedagogia e liderança da comunidade de pescadores da Barra de Santo
Antônio.
Duas
entidades também serão agraciadas com o Prêmio, a primeira é a APOIME -
Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas
Gerais e Espírito Santo. A APOINME luta por políticas públicas de
sustentabilidade, reunindo a juventude indígena com a organização de
formações, seminários, encontros e marchas de reivindicações por
direitos. A segunda entidade é o Centro de Cultura e Estudos Étnicos
Anajô, organização não-governamental fundada em 1988 e vinculada aos
Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), o Anajô reivindica a
promoção de políticas públicas para a igualdade racial, além de
desenvolver trabalhos pelo empoderamento de negros em Alagoas.
“O
Prêmio Tia Marcelina é um importante instrumento no enfrentamento à
discriminação das religiões de matrizes africanas e das manifestações da
cultura negra tão presentes nas nossas raízes. É um momento de reflexão
e de fortalecimento em prol do respeito às tradições e conquistas da
comunidade negra”, destacou Mirabel Alves, superintendente de Políticas
para os Direitos Humanos e a Igualdade Racial da Semudh.
Histórico
A
solenidade de 2018 contou com os seguintes homenageados: Fabíola Silva,
mulher negra e travesti, fundadora da ONG Pró-Vida, e conselheira
estadual de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT –
CECD/LGBT; Rosa Mossoró, reconhecida ativista cultural em Alagoas, já
agraciada em outros momentos pela Fundação Cultural Zumbi dos Palmares e
pelo Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas; Ana Cristina
Conceição Santos, ativista negra no campo acadêmico, professora do
Campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas. Maria Joana Barbosa,
líder quilombola da Comunidade Carrasco, em Arapiraca; Pai Alex Gomes,
como é conhecido, o babalorixá e mestre juremeiro, religião afro
ameríndia típica do Nordeste. A diretora do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiros (Neab) da Ufal, Lígia dos Santos Ferreira e Arísia
Barros, professora, escritora e coordenadora do Instituto Raízes de
Áfricas de Alagoas.
Tia
Marcelina foi uma ex-escrava africana de Janga, Angola, descendente do
Quilombo dos Palmares e de família real africana. Juntamente com Manoel
Gelejú, Mestre Roque, Mestre Aurélio e outros, fundou os primeiros
Xangôs do Brasil no bairro de Bebedouro, em Maceió. Tia Marcelina morreu
durante o “Quebra de Xangô”, episódio que perseguiu e torturou em 1912,
representantes das religiões de matrizes africanas.
Agência Alagoas
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