Com novas práticas, desde janeiro hospital não registra este tipo de infecção que é a principal causa de óbito entre contaminações hospitalares
Protocolo aplicado no Helvio Auto é acompanhado pelo Hospital Israelita Albert Einstein Foto: Ana Paula Tenório |
Texto de Ana Paula Tenório
O
Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), unidade assistencial da
Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), está há
150 dias sem Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (Iras), que
causam Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV). A adoção de
novas práticas está contemplada pelo Projeto Melhorando a Segurança do
Paciente em Larga Escala no Brasil, do qual o hospital participa com a
consultoria do Hospital Israelita Albert Einstein.
Antes
do início da adoção das novas práticas, estabelecidas em protocolo, a
densidade de incidência de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica no
HEHA era de 17,51%, nos primeiros seis meses de 2018. Após a adoção dos
novos métodos de trabalho, esse percentual já caiu para 10,4% e desde
janeiro de 2019, não ocorrem infecções deste tipo em pacientes intubados
no hospital.
A
Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) é a principal causa de
óbito entre infecções hospitalares, excedendo a taxa de mortalidade por
infecções em cateter central, sepse grave e infecções respiratórias em
pacientes não intubados, o que representa a importância deste resultado
para o Hospital Helvio Auto.
Novos métodos
Os
novos protocolos adotados consistem em cinco medidas principais, que
culminaram por reduzir a zero este tipo de infecção. Diariamente os
padrões de sedação estão sendo revisados (dentro dos padrões de boas
práticas) com o intuito de reduzi-los para retirar, o mais rápido
possível, o paciente da ventilação mecânica, pois uma vez intubado, o
paciente perde as defesas fisiológicas das vias aéreas, ficando mais
suscetível a infecções.
A
higiene oral também foi potencializada. “Como o tubo passa pela boca,
uma boa higiene oral evita o escape de bactérias para as vias
respiratórias inferiores e consequentemente para o pulmão. Em média,
esta higiene está sendo realizada de duas a três vezes por dia. A
verificação da pressão do balonete interno do equipamento, que impede a
descida de secreção para as vias inferiores, também está sendo feita
três vezes ao dia”, explicou o fisioterapeuta da UTI, e coordenador do
Núcleo de Reabilitação, Boanerges Lopes.
Outro
fator que influenciou no alcance da meta é a manutenção dos parâmetros
do ventilador mecânico, de acordo com as normas vigentes no país, para
que exista sempre uma continuidade na conduta dos profissionais nos
diferentes plantões.
Os
profissionais da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) também estão
mantendo as cabeceiras das camas elevadas entre 30º e 45º, que é o ideal
para manter o paciente em uma posição confortável e que possibilite
menos escorrimento de secreção.
Com
menos infecções, se utiliza menos antibióticos no tratamento. Uma
redução da utilização de antibióticos também já vem sendo observada
pelos profissionais da UTI do Hospital Helvio Auto, o que reflete na
redução de custos também com a terapia medicamentosa.
“Apesar
dos nossos pacientes serem imunossuprimidos, estamos há seis meses sem
infecção do trato urinário e há quatro meses sem pneumonia vinculada, o
que é um número muito expressivo para hospitais com a nossa
característica no Brasil”, concluiu Ângelo Roncalli, assessor da
Gerência Geral do HEHA e gerente do projeto.
O
Hospital Escola Dr. Helvio Auto foi selecionado, dentre outras
instituições de saúde de todo o Brasil, para participar do projeto do
Ministério da Saúde que trabalha a segurança do paciente em Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). Por meio de suporte técnico e práticas
aplicadas, o projeto, que é acompanhado pelo Hospital Israelita Albert
Einstein, pretende reduzir em até 50% algumas infecções comuns no
ambiente de terapia intensiva em até três anos.
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