Serviço de Hemodinâmica foi implantado em 2016 e realizou uma média de quase 1.300 procedimentos por ano
Cardiologista Clênio Jaques ressalta que agilidade no socorro a infartados é fundamental Olival Santos |
Texto de Neide Brandão
Uma
viagem de férias que quase termina de forma trágica para a professora
aposentada de Porto Alegre (RS) Maria de Lourdes Felini Barroso, 78
anos. Ela teve um infarto no segundo dia de passeio em Maceió e foi na
Hemodinâmica do Hospital Geral do Estado (HGE) que realizou os
procedimentos de emergência e teve a vida salva.
Maria
de Lourdes relata que, em agosto de 2019, sentiu um desconforto após um
passeio e foi levada por amigos até a UPA (Unidade de Pronto
Atendimento) do Trapiche e, em seguida, encaminhada para o HGE. “Fiquei
encantada com o pronto atendimento do SUS em Alagoas. Maceió tem uma
cardiologia excelente, médicos, enfermeiros, todos com uma dedicação sem
igual. Senti-me amparada, mesmo longe de casa e dos familiares. Estou
viva graças à assistência recebida e não vejo a hora de voltar para
curtir a cidade e visitar os profissionais que me acolheram tão bem”,
comemora.
Assim
como ela, o rodoviário Lúcio Mário Correia, 44 anos, mesmo com plano de
saúde, também realizou procedimentos na Hemodinâmica do HGE. Ele foi
submetido a um cateterismo e angioplastia, com a colocação de três
stents. “Não identificaram que eu estava sofrendo infartos. Meu
sofrimento durou quase uma semana, entre idas e vindas à emergência do
plano [de saúde]. Diziam que eu tinha gastrite, úlcera, que era
psicológico e até desenganado fui. Segundo eles, tinha um tumor em
estado terminal no pulmão”, descreveu.
Com
dor insuportável e não conseguindo assistência na rede privada, ele
buscou o HGE. “Sinceramente, eu fiquei surpreso com o acolhimento. Já na
entrada, a médica cogitou o infarto e pediu exames específicos. Fui
encaminhado para a área de cardiologia e o médico me explicou, de forma
sincera e muito humana, que eu vinha sofrendo infartos há alguns dias e
precisava de um procedimento de emergência e outro, posteriormente.
Estou vivo graças ao atendimento em saúde do serviço público alagoano. E
falo isso com muito orgulho, porque já fui um crítico feroz a ele”,
afirmou.
O
médico cardiologista Clênio Jaques, responsável pelos procedimentos de
ambos os pacientes, explicou que, no caso de Lúcio, o infarto já estava
evoluído, com mais de 12 horas de duração. “Conseguimos identificar que
tinha uma artéria obstruída, a principal artéria, e tratamos com três
stents. Posteriormente, ele fez uma segunda etapa, em outra artéria, que
também estava com uma obstrução importante, mas não tinha sido a
causadora dos infartos, evoluindo muito bem com o tratamento”.
No
caso da turista Maria de Lourdes foi colocado um stent, segundo
explicou o médico. “A rapidez no atendimento dela foi fundamental. Ela
chegou na UPA e foi rapidamente transferida para o HGE, onde foi
direcionada para o procedimento preciso conosco. O tempo de evolução foi
essencial para resguardar a vida dela”, observou o médico.
As
duas histórias positivas são frutos da assistência cardiológica que vem
sendo desenvolvida em Alagoas. São 5.175 procedimentos já realizados
através do Programa de Infarto Agudo do Miocárdio de 2016 – ano da
inauguração da Hemodinâmica – até o momento, sendo 1.633 procedimentos
de emergência, entre cateterismos e angioplastias, e 3.542 procedimentos
em pacientes internos.
Ricardo
César Cavalcanti, coordenador do Programa, ressaltou que a Unidade de
Hemodinâmica do HGE Dr. João Fireman é a primeira instalada em um
hospital público na região. “A iniciativa vem promovendo o acesso dos
pacientes da rede pública de saúde a exames e tratamentos
cardiovasculares antes inexistentes, com um programa estruturado para
prevenção, diagnóstico e tratamento do infarto agudo do miocárdio no
SUS”, destacou.
Articulação –
Paulo Teixeira, gerente do HGE, ressaltou que o programa funciona
através de uma articulação com a Rede de Urgência e Emergência do
Estado, o que inclui UPAs, Unidade de Emergência e outras unidades
hospitalares, o Samu e os profissionais que trabalham para garantir a
vida dos pacientes.
“Estamos
empenhados em oferecer um serviço de qualidade aos usuários do SUS. O
Programa de Infarto Agudo do Miocárdio, com a participação de nossa
Hemodinâmica, faz parte da restruturação que o governo tem feito”.
Diagnóstico e Prevenção – Dor
torácica, irradiando para pescoço ou braço esquerdo, geralmente
associada à sudorese, náuseas e vômitos são sinais que não devem ser
descartados, segundo informou o cardiologista Clênio Jaques. “Ao menor
sinal deve-se procurar assistência para confirmar o diagnóstico e ser
feito um tratamento mais rápido e eficaz”, salientou.
Para
evitar problemas relacionados ao coração, o especialista recomendou
“controlar os fatores de risco, hipertensão, diabetes e colesterol.
Desenvolver a prática de atividades físicas regulares, de preferência
supervisionadas, buscar uma alimentação adequada com menos gorduras,
menos frituras, carboidratos em excesso e tentar ter uma vida o mais
regrada possível. Lembrando que, um dos principais inimigos do coração é
o cigarro. É importantíssimo deixar de fumar. Com essas atitudes, cai
muito a probabilidade de se ter episódios de infarto”, alertou o médico.
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