Exercício foi realizado neste sábado (16), com a população sendo retirada das áreas de risco em menos de uma hora
Texto de Petrônio Viana
A
participação popular no simulado de desocupação do bairro do Pinheiro,
em Maceió, realizado na tarde deste sábado (16), superou as expectativas
dos órgãos envolvidos no exercício. De acordo com um cálculo aproximado
feito pela Polícia Militar e pela Defesa Civil Estadual,
aproximadamente 10 mil moradores do bairro se deslocaram de suas
residências para os pontos de encontro estabelecidos para a população
das áreas de risco afetadas pelo fenômeno geológico que atinge a região.
O
exercício durou cerca de uma hora, período durante o qual as ruas do
bairro ficaram interditadas para que as 20 equipes mobilizadas para o
simulado percorressem a região conduzindo os moradores para as áreas
seguras. Cerca de 600 agentes dos órgãos envolvidos no Plano de
Contingência para o Pinheiro atuaram no simulado.
A
dona de casa Paula Cardeal se deslocou com a irmã para o terminal de
ônibus do Sanatório, um dos pontos de apoio da operação de desocupação
da área. “É importante que a gente saiba para onde ir e o melhor caminho
em uma situação de emergência. Também estamos marcando quanto tempo a
gente leva para ir da nossa casa, que fica por trás do Hospital
Sanatório, até o terminal”, explicou.
De
acordo com o tenente-coronel Moisés Melo, coordenador da Defesa Civil
Estadual, o simulado atingiu seu objetivo de retirar o maior número
possível de moradores no espaço de tempo previsto.“Tivemos
êxito total no exercício, com uma participação enorme da comunidade se
deslocando aos pontos de encontro e com a integração absoluta de todos
os órgãos envolvidos, o que passou tranquilidade para a população.
Somente no Cepa, recebemos 3.500 pessoas, de acordo com a Polícia
Militar, e cerca de 2.000 em cada um dos outros três pontos, localizados
no terminal do Sanatório, Casa Vieira e na rua da concessionária da
Volkswagen”.
“Também
não tivemos problemas com o trânsito. Com as vias bloqueadas e os
carros podendo apenas deixar o bairro, as pessoas puderam caminhar
tranquilamente até os locais determinados, sem correria e sem incidentes
no trajeto”, destacou o coordenador da Defesa Civil.
Participaram
ativamente do simulado mais de 100 homens e mulheres da Defesa Civil
Estadual, 30 da Defesa Civil Municipal, 100 soldados do Exército
Brasileiro, além do Corpo de Bombeiros, Grupamento Aéreo, Polícia
Militar, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Secretaria de
Estado da Saúde (Sesau), Algás, Casal, Prefeitura de Maceió, SMTT,
Marinha do Brasil, Força Aérea, Anatel, Eletrobras, Cruz Vermelha e
empresa Vida a Vida.
No
ponto de encontro da concessionária Volkswagen, foram simulados a
triagem, o atendimento e deslocamento de feridos até o Hospital Geral do
Estado (HGE), executado pelo Samu, Corpo de Bombeiros e da empresa Vida
a Vida. O Corpo de Bombeiros também realizou dois exercícios de
resgate, um deles com uso de três helicópteros.
O
comandante do Corpo de Bombeiros, coronel André Madeiro, também avaliou
a ação de forma positiva. “Tivemos a oportunidade de simular
ocorrências e dar suporte à população, interagindo com outros órgãos
como o Samu e Grupamento Aéreo. Foi importante poder atuar nessa
integração e verificar as complicações para podermos aperfeiçoar a ação
em situações de emergência”, observou.
A
preparação e o andamento do simulado de desocupação do Pinheiro foi
acompanhado por representantes do Ministério Público Federal (MPF), que
participaram da reunião de avaliação após o exercício. Para a
procuradora da República Niedja Kaspary, a atenção dada pelos órgãos
públicos ajuda a minimizar o sofrimento dos moradores, que ainda
aguardam por respostas sobre as causas do fenômeno geológico.
“A
angústia deles é minha maior preocupação. É preciso passar todas as
informações possíveis e chegar a uma conclusão. Mas o trabalho
preventivo é muito importante e pudemos ver o comprometimento de todos
os envolvidos no simulado. Todos os órgãos estão de parabéns pela
integração e profissionalismo”, disse a procuradora.
O
simulado também foi acompanhado por uma equipe da Defesa Civil do
Estado de Pernambuco, que veio a Alagoas conhecer a estratégia utilizada
na prevenção de uma ocorrência geológica no Pinheiro. “Nós realizamos
simulados em Pernambuco, mas um cenário de risco geológico não é visto
todo dia. É uma situação atípica e o simulado de hoje foi de grande
porte, com um grande número de envolvidos, tanto por parte da população
quanto dos órgãos mobilizados. Estamos aqui também para integrar o
trabalho entre os dois estados”, explicou o coordenador da Defesa Civil
de Pernambuco, tenente-coronel André Ferraz.
Após
o simulado, foram registrados princípios de tumulto em pontos de
encontro como a Casa Vieira e o Cepa, provocados por moradores que
esperavam, nesses locais, obter mais informações sobre as causas do
fenômeno. As manifestações foram rapidamente solucionadas, com a
garantia de que todos os dados serão disponibilizadas a partir da
conclusão dos estudos do Serviço Geológico do Brasil, e a afirmação de
que os serviços prestados nos pontos de encontro serão aperfeiçoados nos
próximos simulados.
“Eu
sou natural de Maceió e sinto a mesma angústia dos moradores. Estamos
verificando todas as alternativas, buscando recursos em Brasília e
tomando todas as precauções para que todos permaneçam seguros. Nossa
mobilização vai continuar enquanto houver qualquer pessoa em uma área de
risco. Estaremos de prontidão para acionamento a qualquer momento até
que o problema seja resolvido. O simulado de hoje serviu exatamente para
avaliarmos o que precisa ser aperfeiçoado no Plano de Evacuação e
faremos isso”, disse o tenente-coronel Moisés Melo.
Uma
das lideranças do movimento SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, teve a
oportunidade de se manifestar durante a reunião de avaliação do simulado
e também destacou a participação popular no exercício. “Nós
incentivamos os moradores e a população atendeu ao chamado da Defesa
Civil. Foi muito importante conhecermos os pontos de apoio e as rotas de
fuga. Parabenizamos os órgãos federais, estaduais e municipais pelo
trabalho integrado”, afirmou Vasconcelos.
O
coordenador dos trabalhos do Serviço Geológico do Brasil no bairro do
Pinheiro, Thales Sampaio, também ressaltou a importância do treinamento
deste sábado. “Esse é um momento que acontece em todos os países
desenvolvidos onde existem áreas de risco. Já participei de um simulado
parecido no Japão, para o caso de qualquer tipo de incidente no metrô,
num hotel, na rua. A Suíça faz simulados com pessoas que moram em áreas e
risco e que sabem disso. Eles têm áreas vermelhas, amarelas e azuis.
Essa cultura de simulado, de aprender como sair sem se afobar, só se
aprende fazendo simulado. Maceió está de parabéns. O Serviço Geológico
do Brasil estará aqui até definir as causas do que a gente vê na
superfície do bairro do Pinheiro”, disse o geólogo.
Agência Alagoas
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