Ifal Piranhas leva ao III Conac um sertão cheio de riquezas naturais e turísticas e muitas ideias para explorar suas capacidades em projetos de pesquisa e extensão
Assessoria |
O Ifal Piranhas participou da tercei ra edição do
Congresso Acadêmico do Instituto Federal de Alagoas (III Conac), que
reúne todos os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão dos 16 campi da
instituição. O evento, que aconteceu no campus Maceió, entre os dias 25 e
27 de setembro, contou com 33 projetos do campus Piranhas (14 de
extensão, 16 de pesquisa e 3 de ensino). O Ifal Piranhas levou para
Maceió, em seus mais de trinta projetos, a verdadeira imagem do sertão,
que poucos conhecem, com as riquezas da Caatinga e as potencialidades do
Semiárido, potencialidades estas que os estudantes da escola têm
aprendido a explorar e valorizar.
Preservação ambiental
Muitos projetos tiveram em comum a abordagem das
temáticas da preservação e da educação ambiental. Isso se deve a dois
fatores: os cursos do Ifal Piranhas dialogam com a questão do meio
ambiente (cursos técnicos em Agroecologia, Agroindústria, Alimentos e o
superior em Engenharia Agronômica) e o outro fator é a exuberância da
paisagem onde o campus está inserido. Banhada pelo rio São Francisco e
cheia de atrativos turísticos e históricos, Piranhas enfrenta a
contradição de ser rica em potenciais e pobre em desenvolvimento e é
pensando em contribuir para mudar essa realidade que os pesquisadores
docentes e discentes do Ifal Piranhas vêm propondo seus projetos.
Segundo o professor de Biologia, Cristian J. S.
Costa, essa contradição não é uma característica apenas de Piranhas, mas
das cidades do Semiárido de uma forma geral. E, para ele, os
pesquisadores do Instituto Federal têm a responsabilidade de explorar os
potenciais da região, que já têm uma tendência natural ao crescimento,
buscando aumentar o poder de renda da população, valorizando as
riquezas, sem prejudicar os recursos naturais. “Nossos projetos buscam,
então, abranger três áreas específicas: a econômica, a social e
ambiental; alcançando essas áreas é possível não apenas crescer, mas
desenvolver”, explica Cristian. Foi isso que o público do Conac pôde
observar nos vários projetos do campus Piranhas.
Manejo de cactáceas como forma de empreender
O projeto sobre o manejo de cactáceas para geração de
emprego e renda, apresentado pela discente Maria Gabriela de Araújo, é
um deles. A aluna explica que o Brasil é o terceiro país em diversidade
de cactáceas no mundo e que elas apresentam uma grande beleza cênica,
que pode ser explorada economicamente. Pensando nisso, o professor
Cristian e seus orientandos resolveram dar as ferramentas para que
mulheres do assentamento Olga Benário pudessem extrair
da natureza as cactáceas tão presentes na paisagem do sertão, sem
causar impacto ao meio ambiente, replicá-las e comercializá-las em
pousadas e restaurantes da região. As oficinas para capacitação dessas
mulheres ainda estão em curso e, até o momento, elas já aprenderam como
produzir seu próprio adubo, através da compostagem, e as técnicas de
replicação das cactáceas. “Além de empoderar essas mulheres e gerar
condições mínimas de emprego e renda, o projeto pretende despertar a
necessidade da conservação do meio ambiente e preservação das plantas
nativas, através do manejo correto das cactáceas”, explica Maria
Gabriela.
Exploração da Jandaíra para preservação da espécie e rentabilidade
O que o professor Cristian viu nas cactáceas, o
docente Randerson Cavalcante viu nas Jandaíras, abelhas sem ferrão
nativas da Caatinga. O bolsista do projeto Adriano Marques explica que o
objetivo do trabalho é gerar em agricultores de cidades vizinhas à
Piranhas a conscientização sobre a importância ambiental e
socioeconômica dos enxames de abelhas sem ferrão. A criação das abelhas
sem ferrão apresenta-se como alternativa de preservação ambiental e
melhoria da qualidade de vida de pequenos agricultores familiares. No
entanto, em consequência do desmatamento, das queimadas e do uso de
agrotóxicos, as abelhas sem ferrão brasileiras estão sofrendo um
processo muito agressivo de redução da sua população em ambiente
natural, sendo necessário a realização de ações que possam contribuir
para preservação desse importante grupo de insetos úteis. O projeto de
extensão ainda está no início e pretende capacitar dez futuros
produtores de mel. “Cada um vai receber um enxame e serão instruídos
sobre o manejo, importância e produção de mel das abelhas Jandaíra, a
ideia é que, através do conhecimento e manejo, os agricultores ajudem a
preservar a espécie”, afirma Randerson.
Processamento de frutas para comercialização
Na área de agroindústria, o Ifal Piranhas também
levou ideias empreendedoras para explorar o potencial alimentício do
semiárido, como, por exemplo, o projeto "Desenvolvimento de derivados de
frutas e orientação produtiva no sertão alagoano". O projeto,
apresentado por Kalênia Laura da Silva e orientado pela professora
Poliane Lima, tem como objetivo levar o conhecimento aprendido pelos
alunos de Agroindústria do Ifal, sobre processamento de frutas, para
moradores do assentamento rural Gastone Beltrão. A capacitação pretende
gerar uma nova fonte de renda para a população
do assentamento, a partir da produção de derivados do tamarindo, caju e
acerola, frutas que têm sua venda restrita ao estado natural, apesar de
possuir grande potencial para a produção de derivados. Kalênia explica
que já foi realizada uma oficina para produção de geleia de acerola e
que ainda acontecerão oficinas de chutney com tamarindo e carne seca com
caju, produtos gastronômicos que devem atrair o olhar do comércio.
Um outro olhar para a Caatinga
Para a estudante de Agronomia, Raquel Soares da
Silva, a visão que as pessoas têm da Caatinga é muito superficial e a
própria educação básica contribui para isso, abordando o bioma de forma
rasa no currículo escolar. Por acreditar que essa imagem de um bioma
seco, cinza e pobre deve ser desconstruída do imaginário popular e que a
verdadeira Caatinga deve ser estudada e aprofundada na escola é que
Raquel participou do projeto “Convivendo com o Bioma Caatinga”. O
projeto levou estudantes do ensino médio da escola Coopex, em Piranhas,
para conhecer mais sobre a flora e fauna locais e sobre a história do
cangaço, através de trilhas. A Caatinga também foi estudada por eles na
sala de aula, em várias matérias de forma interdisciplinar. “Vimos, ao
final do projeto, que os estudantes não tinham mais aquela visão
superficial e que aprenderam a admirar a beleza do cinza. Não é porque a
Caatinga fica seca a maior parte do tempo que ela é pobre”, afirma
Raquel. Assim como o público do projeto “Convivendo com o bioma
Caatinga’ mudou sua visão sobre o Semiárido, o campus mais distante e
isolado do Ifal deve ter mudado a imagem do Sertão para o público do
Conac, pois o campus levou para Maceió um Sertão farto de potenciais e
algumas ferramentas e ideias para explorá-los. Para o coordenador de
extensão do Campus, o professor José Madson da Silva, valeu a pena todo
esforço empreendido em levar o Ifal Piranhas para o Conac. Para ele, por
mais difícil e cansativo que seja o deslocamento de alunos e
professores de Piranhas à Maceió, é muito importante que ele aconteça,
para mostrar a toda a comunidade o que o Ifal Piranhas tem feito e para
provocar nas pessoas a seguinte reflexão: se o sertão é tão rico, por
que é tão pobre?
Fonte: Ifal Piranhas
Nenhum comentário:
Postar um comentário