Roninho Ribeiro retrata personagens icônicos do Nordeste, conceitos abstratos e objetos do cotidiano; peças estão no marketplace do Alagoas Feita à Mão
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Reutilizar o que antes era inservível. A frase ganha significado mais profundo ao olhar para as peças do artesão Roninho Ribeiro, 52 anos, que faz arte a partir de sucata. Ele molda o ferro e acrescenta itens que estavam inutilizados em oficinas de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas. Audodidata e sem recursos, começou a moldar as peças com materiais que recolhia na própria cidade. Hoje, com as ferramentas necessárias, consegue produzir até cinco peças por dia em seu ateliê.
As esculturas são variadas – têm a temática regional, porém abrangem um universo amplo de cenários e objetos do dia a dia. Todas as obras trazem ressignificação para a sucata. “Qualquer pedaço de ferro não se perde em nada; tudo se aproveita”, ressalta o artista, que busca retratar personagens icônicos do Nordeste, a exemplo de Lampião e Maria Bonita. “As peças mais regionais são as mais procuradas, as pessoas ficam encantadas e sempre querem levar um pedacinho de história e cultura para casa”, explica.
Ele conta que não faz nada a partir de imagens já concebidas. “Eu sento no meu ateliê e começo a imaginar as peças. Como elas serão ou quais as características que vão ter. Tudo é feito a partir da minha imaginação. Começo a peça e não sei como ela vai terminar, porque não há nada desenhado ou programado”, conta o artesão.
A habilidade para a arte despertou pela proximidade com o irmão mais velho, que era artista plástico. Inspirado pelo irmão, ele – ainda criança – começou a fazer pinturas em tela. Em seguida, encantou-se pela arte em argila, mas optou por seguir o caminho da escultura a partir do material reciclável. Desde então, descobriu afinidade com a matéria-prima da sucata e o resultado obtido após horas moldando as peças.
O artista conta que não vê o tempo passar quando está no processo de criação e após concluir uma escultura, passa um tempo sozinho apenas admirando o resultado.
Uso do digital para alavancar as vendas
O artista, que já teve outras ocupações, explica que tinha o sonho de viver apenas da arte que produz – o que, segundo o artesão, “está se realizando”. Com a pandemia provocada pelo coronavírus, Roninho pensou em parar o processo de produção, mas não seguiu em frente com a ideia. Produziu e conseguiu vender mais no período de isolamento social – tudo em decorrência das mídias sociais.
Ele também está no marketplace do Alagoas Feita à Mão, projeto do Governo do Estado para exibir e vender as peças de artesãos alagoanos.
Com a internet, ele pretende expandir o trabalho. “Já trabalhei em várias feiras e eventos, mas quero entrar no mundo digital também. Tenho compradores de todo o Brasil, inclusive da Argentina, porém quero poder levar a minha arte para outros locais”.
O artesão montou um portfólio digital e está em contato com galerias e lojas tanto de Maceió quanto do eixo Rio-São Paulo. Além disso, também está montando uma loja virtual para comercializar as esculturas. Para 2021, ele pretende fazer duas exposições, uma em Maceió e outra no Sertão.
“A arte sempre foi e continuará sendo tudo. Esqueço do mundo quando estou no meu ateliê”, finaliza.
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