Evento apresentou livro sobre revisão criminal nos 102 anos de morte do industrial, assassinado em 10 de outubro de 1917
Chá de Memória, evento tradicional do Arquivo Público de Alagoas, foi apresentado nessa terça-feira (22) com tema sobre o legado do industrial Delmiro Gouveia André Palmeira |
Texto de Wellington Santos
Em
noite de debates produtivos, o Arquivo Público de Alagoas (APA)
promoveu, na terça-feira (22), sua 37ª edição do tradicional Chá de
Memória. O tema desta vez foi “Delmiro Gouveia, uma trajetória de um
industrial sertanejo”.
O
professor-doutor em História, Edvaldo Nascimento, e o professor José
Cícero Correia foram os palestrantes e debatedores. Nascimento discorreu
sobre a vida de Delmiro Gouveia, desde sua origem, na cidade natal de
Ipu, no Ceará, passando pelo período em que atuou como empreendedor
bem-sucedido, no Recife, até sua chegada ao município de Água Branca,
sertão de Alagoas, onde deu início ao processo de desenvolvimento da
região, inaugurando a Fábrica da Pedra e, depois, o complexo de
Angiquinho, a primeira hidrelétrica do Nordeste e a segunda do Brasil.
“A
figura de Delmiro no contexto histórico está para o Nordeste em
importância comparada a ícones como Luiz Gonzaga, o rei do baião”,
destacou Nascimento.
Em
seguida, o historiador José Cícero Correia apresentou conceitos sobre o
que seria memória e história e abordou o conteúdo de seu livro
“Trabalho, Seca e Capital – da construção da Ferrovia Paulo Afonso à
Fábrica de Linhas de Pedra”, obra que foi lançada no Chá de Memória.
“Este
Chá de Memória foi bastante interessante, porque aguçou muito a
curiosidade sobre a figura do industrial Delmiro Gouveia para Alagoas.
Abriu a visão sobre a importância dele no contexto do desenvolvimento de
toda a região nordestina, numa época ainda muito remota. O debate
mostrou como Delmiro esteve à frente de seu tempo”, ressaltou a
superintendente do APA, Wilma Nóbrega.
Depoimento e poema
O
37º Chá de Memória foi palco também para o lançamento do livro Revisão
Criminal do Processo Delmiro Gouveia. A publicação acompanha a revisão
da condenação de Róseo Moraes do Nascimento, José Ignácio Pia, conhecido
como Jacaré, e Antônio Félix do Nascimento, os principais acusados do
assassinato de Delmiro Augusto da Cruz Gouveia, em 1917, e cujo
aniversário de morte completou 102 anos no último dia 10 de outubro.
A
obra foi um projeto coordenado e sonhado por décadas pelo desembargador
aposentado Antônio Sapucaia, que faleceu no dia 3 de outubro deste ano.
Enquanto jornalista, Sapucaia foi responsável pela primeira entrevista
com Róseo Moraes, em 1968, que revelou as inúmeras torturas realizadas
para que ele confessasse um crime que não cometeu.
O
livro foi elaborado pelo advogado de defesa dos acusados Antônio Aleixo
Paz de Albuquerque (in memorian), com pesquisas do historiador Moacir
Medeiros de Sant’Ana.
A
filha de Moacir Santana, a advogada Ana Sant’Ana, destacou o valor da
obra para a sociedade: “É um livro que nos apresenta claramente, com
provas robustas, que houve um erro do Judiciário alagoano na condenação
de três inocentes. E nos apresenta, ainda, como Delmiro Gouveia faz
parte da vida de todos nós alagoanos, apesar de não ter sido um
alagoano”, ressaltou.
No
encerramento da noite, o público foi brindado com a declamação de
versos do poeta alagoano de renome nacional, Jorge de Lima, pelo ator
Chico de Assis, que apresentou o poema “Rio São Francisco”.
Agência Alagoas
Nenhum comentário:
Postar um comentário