Projeto Big Data, financiado pela Seplag, permitiu desenvolvimento de ferramentas para uso da população e das forças policiais
Novas ferramentas geram valor aos dados da Segurança Pública alagoana Ascom SSP/AL |
Texto de Vanessa Siqueira
Gerir
grandes volumes de informação é um dos desafios de vários setores em
todo o mundo. Desde os anos 2000, analistas de Tecnologia da Informação
vêm desenvolvendo estratégias para que esse universo de dados seja
melhor utilizado nas tomadas de decisões por empresas e governos. O Big
Data, sistema que consegue integrar diferentes bancos de dados, é uma
delas. Recentemente, a Secretaria da Segurança Pública de Alagoas (SSP)
passou a fazer uso deste sistema a fim de melhorar as ações de segurança
com base em informações relevantes, que são interpretadas pelos
analistas.
“A
Segurança Pública de Alagoas possui vários sistemas de informação, mas
geralmente eles não ‘conversavam’ entre si. Ou seja, há uma grande
quantidade de informações que podem ser extraídas e utilizadas na
criação de estratégias de segurança pública. É nesse cenário que entram
as tecnologias Big Data: para integrar e gerar valor aos dados da
segurança pública, ajudando a criar ações inteligentes de combate ao
crime e à violência”, avalia Márcio Robério, coordenador do projeto Big
Data, que é financiado pela Secretaria de Estado de Planejamento, Gestão
e Patrimônio (Seplag).
O
Núcleo de Estatística e Análise Criminal (Neac) da SSP é a principal
fonte de informação, pelo grande volume de dados e a qualidade do
processamento deles. O supervisor do Projeto Big Data e chefe da
Tecnologia de Informação da secretaria, major Anderson Cabral, explica
que o projeto teve início em 2018 com o objetivo de agregar valor aos
grandes conjuntos de dados da segurança pública. “A integração dessas
informações gera conhecimento estratégico, que auxilia os processos de
tomada de decisão na SSP. Esse trabalho resultou em melhorias na análise
dos dados, na produção de artigos científicos e em novas ferramentas e
plataformas computacionais que já são usadas pelas polícias”, relata.
O
projeto deu origem ao aplicativo Quimera, de uso interno, que permite
aos policiais fazer consultas a banco de dados durante abordagens, além
de outras tarefas de forma rápida e simples utilizando um smartphone.
Também foi desenvolvido o Sistema Analítico de Relações
Criminais (SARC), outra ferramenta de uso interno utilizada na
inteligência policial, além de uma ferramenta para gestão de
reeducandos, o Reages.
A
SSP também disponibilizou uma plataforma de dados abertos destinada à
sociedade em geral, que permite a consulta de informações como dados
estatísticos sobre homicídios e outros crimes. O sistema é baseado na
aplicação CKAN, sigla para Comprehensive Knowledge Archive Network, que
cataloga dados e facilita sua publicação, compartilhamento e busca.
“Desenvolver
novas tecnologias e fazer análise de dados é o futuro. Nossa estrutura
foi utilizada como base para duas teses e uma delas comprova a melhora
do desempenho do Big Data utilizando nossos equipamentos. Esse projeto
engloba várias ferramentas que já vínhamos trabalhando e é muito
importante, pois projeta para o mundo o modo como a Segurança Pública de
Alagoas está utilizando novas tecnologias a seu favor”, completou o
major Anderson Cabral.
Experiência é apresentada fora do país
O resultado do projeto foi apresentado em julho e agosto em duas
conferências realizadas na Europa: uma em Moscou, na Rússia, e a outra
em Linz, na Áustria. O coordenador do projeto, Márcio Robério, apresentoudois
artigos científicos em eventos de relevância internacional na área de
Big Data, a International Conference on Big Data Analytics and Knowledge
Discovery e a IEEE Conference on Business Informatics.
Segundo
ele, as publicações foram fruto das pesquisas realizadas na estrutura
da Secretaria de Segurança Pública, destacando o nome de Alagoas para o
meio científico internacional. Márcio Robério é doutorando em Ciência da
Computação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mestre em
Modelagem Computacional de Conhecimento pela Universidade Federal de
Alagoas (Ufal) e professor do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) no
Campus Viçosa.
Robério
destaca que um dos principais benefícios de modernizar a gestão de
dados é conseguir melhores resultados no enfrentamento ao crime. A prova
disso é a redução de homicídios, que coloca Alagoas como o estado que
obteve um dos melhores resultados no Brasil. Uma das vertentes de
sucesso das estratégias foi o mapeamento dos focos de violência com base
nos dados coletados na SSP, que contribuem para que as polícias atuem
com mais efetividade.
O
secretário do Planejamento e Gestão, Fabrício Marques Santos, afirma
que a modernização da administração pública alagoana é uma agenda
prioritária deste governo, que vem reinventando o modo de fazer gestão
pública. “Os investimentos e parcerias em torno da tecnologia da
informação confirmam essa aposta. Nosso trabalho é fomentar melhorias na
qualidade de vida da população, aproximar a sociedade da tomada de
decisões e atender suas reais necessidades. A integração entre os
agentes públicos e a criação de ferramentas que otimizem essas entregas é
essencial para que possamos avançar ainda mais em Alagoas”, finaliza.
Agência Alagoas
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