Joyce Andrea, sob supervisão
Durante a pandemia, milhares de pessoas perderam seus entes queridos, além de ter suas estabilidades emocional e financeira abaladas. Passar por um evento histórico dessa magnitude, quando ainda se é um estudante, cheio de expectativas e sonhos para o futuro, só torna tudo mais difícil e dramático. Assim como diversos jovens, Emily Raniely, que cursa o ensino médio na rede estadual de ensino em Maceió, teve a sua aprendizagem afetada pelas dificuldades que enfrentou na adaptação para o ensino remoto, porém, a sua história chama atenção por carregar uma sequência de eventos traumáticos acarretados pelo período pandêmico.
A jovem, de 18 anos, perdeu quatro familiares para a Covid-19, viu sua mãe ficar desempregada e ainda precisou se mudar, com seus pais, três irmãs e um tio acamado, pois era moradora do bairro Pinheiro, na capital alagoana, e teve sua casa evacuada por estar localizada em área de alto risco de afundamento do solo. Frente às adversidades enfrentadas pela família, que passou a ter problemas financeiros, Emily não conseguiu acompanhar as aulas on-line da sua escola e precisou começar a trabalhar. Hoje a jovem é auxiliar de cabeleireiro em um salão de beleza próximo ao seu novo endereço.
Dessa forma, com o retorno ao ensino presencial, a estudante teve que fazer um acordo com a escola, que é de ensino integral, para assistir apenas o primeiro horário das aulas e sair após o almoço para ir ao trabalho. “Tudo que eu perdi durante esse tempo, sem assistir as aulas on-line, agora, presencialmente, estou tentando recuperar. Sempre converso com os professores sobre as minhas dificuldades e peço para eles me ajudarem” pontuou.
Emily ainda conta que, apesar das dificuldades, retornar à escola foi melhor para a sua aprendizagem, pois deseja concluir o ensino médio para ingressar em uma universidade no próximo ano. “Eu acho que foi bom voltar presencialmente, apesar da pandemia ainda não ter acabado. Mas na escola eu tenho esse suporte, tenho o ônibus escolar pra vir pra cá, consigo almoçar antes de ir trabalhar e tenho a ajuda dos professores para recuperar as aulas perdidas, dessa forma, consigo concluir o ensino médio a tempo e buscar um futuro melhor, fazer uma faculdade e ter um emprego melhor”.
Programa de incentivo
A história de Emily é uma entre muitas outras que podem ser ouvidas nos corredores das escolas. Para atenuar as dificuldades dos estudantes no retorno presencial, o Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), tem feito uma série de investimentos na pasta, visando combater a evasão escolar registrada durante a pandemia. Dentro do pacote de investimentos que somam mais de R$ 1 bilhão, uma iniciativa pioneira pretende garantir a permanência do aluno na sala de aula, através de incentivos financeiros para os estudantes da rede pública estadual.
O programa Cartão Escola 10 deve gratificar, ainda em 2021, os alunos que retornaram à escola com uma Bolsa Retorno, no valor de R$ 500. Já os concluintes do ensino médio devem ganhar uma Bolsa Conclusão, com um prêmio de R$ 2 mil, e além disso, serão repassados pagamentos mensais, de R$ 100, para os estudantes que mantiverem a frequência escolar mínima de 80%, caracterizando a Bolsa Permanência.
Pela experiência com o familiar acamado em casa, a estudante Emily pretende cursar o ensino superior na área da saúde e, quando receber o prêmio de conclusão do ensino médio, pensa em investir o valor em um curso técnico de enfermagem. “Se eu fosse o pessoal que ainda estará na escola ano que vem, e vai receber o auxílio de 100 reais por mês, eu investiria nos meus estudos, talvez fazendo um curso de inglês, porque é importante para o mercado de trabalho. Já com esses R$ 2 mil, pretendo fazer um curso técnico de enfermagem, quero me especializar na área", finalizou a aluna.
Maria de Fátima, de 19 anos, é outra jovem estudante que está concluindo o ensino médio. A jovem, que mora sozinha e concilia um trabalho de meio período com a escola, conta que o prêmio, no valor de R$ 2 mil, vai ajudá-la a adquirir um computador para fazer faculdade. “Essa bolsa já vai servir pra comprar meu notebook, para que eu possa conseguir fazer uma faculdade. Isso já era um objetivo meu, mas tinha certa dificuldade, mas agora, com essa ajuda, vai ser mais fácil, e a minha expectativa é grande”, relatou a estudante.
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