Estado saiu da última posição para o 4º lugar no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM); dados auxiliam políticas para reduzir mortes
Alagoas saiu da última posição para o 4º lugar no ranking oficial sobre a qualidade de informação nas causas de morte no Brasil Mácio Amaral |
Texto de Mácio Amaral
A
Lei Federal 13.614, implantada em 11 de janeiro de 2018, instituiu o
Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e
adicionou o artigo 326-A ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com o
propósito de reduzir pela metade e em um prazo de dez anos o índice
nacional de mortos por grupo de veículos e habitantes. A Lei também
definiu que os dados de acidentes deverão ser tratados e consolidados
pelo órgão executivo de trânsito.
Em
cumprimento à Lei e a partir de ações integradas com órgãos públicos
vinculados ao trânsito, saúde e segurança, o Departamento Estadual de
Trânsito de Alagoas (Detran/AL) atuou para tirar o estado do último
lugar no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM),
posição que o levou a ser notificado através do programa Saúde Brasil.
Depois de oito meses de trabalho, Alagoas está na 4ª posição no ranking
oficial sobre a qualidade de informação nas causas de morte no Brasil.
Gestão de dados
O
Ministério da Saúde acompanha, através de critérios oficiais do sistema
SIM, o número total de mortos por meio das declarações de óbito (DO),
que é o documento formal que as secretarias de Saúde recebem do
Instituto Médico Legal (IML) e lançam no sistema. O conselheiro estadual
de Trânsito, e, na época do trabalho, chefe de Segurança no Trânsito do
Detran/AL, Antônio Monteiro, explica como se dá esse processo: “Um dos
acompanhamentos oficiais do Ministério é o modal que causou a morte,
seja bicicleta, veículo pesado, carro, moto ou pedestre. Nos últimos
cinco anos, Alagoas esteve sempre com o índice de 80% de não
identificação do tipo de veículo”, afirma.
Para
as mortes relacionadas ao trânsito, existem quase 100 códigos que
identificam as características do Acidente de Transporte Terrestre (ATT)
em questão. Esses códigos apontam se a vítima era pedestre, ciclista,
condutora ou passageira e, ainda, se estava conduzindo algum veículo e
qual o tipo. No entanto, na inexistência de maiores informações, a
vítima é inclusa no último código possível, o V89, que indica o óbito em
decorrência de acidente de trânsito, porém não especifica o tipo de
veículo envolvido no acidente.
Em
Alagoas, o cenário era de mais de 80% dos ATTs estarem codificados como
V89, ou seja, a cada 10 mortes no trânsito, em oito não se sabia o tipo
de veículo envolvido. Isto levou o Ministério da Saúde a notificar o
estado, solicitando que a situação fosse revertida. Antônio
ressalta que o trabalho de aperfeiçoamento desses dados foi coordenado
pelo Detran, através da Chefia de Segurança no Trânsito, e o Conselho
Estadual de Trânsito, acompanhando todos os órgãos.
Reconhecimento
Após
oito meses de trabalho conjunto, o estado saiu da última colocação, com
500 vítimas sem a identificação do tipo de veículo do acidente, para o
4º lugar, com apenas 19 nessa situação. Foram realizadas visitas e
mantidos diálogos com os órgãos vinculados ao trânsito para entender as
especificidades de cada um, como o IML, a Secretaria de Estado da Saúde
(Sesau), as secretarias municipais de Saúde de Maceió e de Arapiraca,
Hospital Geral do Estado (HGE), Hospital de Emergência do Agreste,
Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) e Secretaria de
Segurança Pública (SSP) por meio do Núcleo de Estatística e Análise
Criminal (Neac).
“Fizemos
diversas reuniões para entender todo o processo de codificação. Uma vez
entendido esse processo e adquirindo as informações necessárias, sete
relatórios foram elaborados para esclarecer as ocorrências de trânsito. Isso
fez com que, no fechamento do sistema, o estado de Alagoas saísse da
pior posição no ranking da informação ‘Não especificada’, para figurar
entre os cinco melhores”, conta o conselheiro estadual de Trânsito.
No
fim de maio, o conselheiro foi convidado pelo Ministério da Saúde para
participar do III Encontro sobre Melhoria da Qualidade da Informação
sobre Causas de Morte no Brasil, em Natal, no Rio Grande do Norte. Lá,
ele apresentou o trabalho que colocou o estado entre os melhores do
Brasil no que diz respeito à qualidade de informação sobre vítimas de
trânsito.
“O
Detran de Alagoas continuará atuando para manter a qualidade dessas
informações junto aos órgãos parceiros, e, a partir daí, promover
políticas públicas cada vez mais qualificadas para a redução de mortes
no trânsito”, concluiu Antonio.
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