Periódico, que circulou durante a 1ª República, é considerado relíquia do jornalismo alagoano e brasileiro
 |
Publicação será distribuída com as instituições de pesquisa, universidades, bibliotecas e outras instituições educacionais
Reprodução |
Texto de Severino Carvalho
Importante fonte de pesquisa e de informação acerca do Sertão
nordestino, a coleção do Jornal Correio da Pedra será lançada dia 5 de
junho, durante solenidade marcada para as 19h, no Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas (IHGAL). A publicação, em edição fac-símile, faz
parte da programação dos 200 anos de Alagoas, promovida pelo Governo do
Estado.
A ideia de publicar a coleção do Correio da Pedra foi do professor
Edvaldo Francisco do Nascimento e da antropóloga Luitgarde Oliveira
Cavalcante Barros. Ele teve acesso ao semanário quando desenvolvia
pesquisa de mestrado sobre Delmiro Gouveia.
De acordo com o professor, a escolha do dia 5 de junho para o
lançamento da coleção deu-se em razão da passagem dos 155 anos de
nascimento de Delmiro Gouveia. Editado em quatro páginas, o jornal teve
seu primeiro número publicado há quase cem anos, em 12 de outubro de
1918.
“O Correio da Pedra é uma preciosidade. Informações que não
encontramos mais em outras fontes estão disponíveis neste jornal. Fatos
de muita importância para Alagoas, para o Nordeste e o Brasil eram
noticiados neste semanário”, afirmou o professor.
 |
Professor Edvaldo Nascimento |
Durante o período de organização da publicação foram realizas
pesquisa e levantadas informações sobre a história da imprensa em
Alagoas. “Do período do Império à República, os jornais alagoanos foram
marcados por perseguições aos jornalistas e aos proprietários de
jornais, além do empastelamento das tipografias. Esse é um dos motivos
da inexistência de exemplares, bem como da interrupção da publicação de
muitos dos nossos jornais”, cita Luitgarde Oliveira.
Ela recorda que prisões, perseguições, tortura, ameaças e outros
métodos foram utilizados ao longo da história para cercear a imprensa,
conforme estudos realizados pelo professor e historiador Moacir Medeiros
de S’antana. O Jornal Correio da Pedra teve sua criação dentro do
contexto do ciclo de desenvolvimento ocorrido no Sertão do São
Francisco, liderado por Delmiro Gouveia.
Foi do industrial sertanejo a ideia de comprar o equipamento
tipográfico e criar o semanário. Assassinado em 1917, ele não conseguiu
ver o jornal em circulação. Foram seus sucessores que, em 1918,
colocaram o Correio da Pedra em atividade.
Nos primeiros anos de circulação, o jornal pertencia a uma associação
dirigida por integrantes da Cia. Agro Fabril Mercantil, conforme
anunciado na edição de Nº. 68, de 25 de janeiro de 1920. Posteriormente,
passou a ser uma publicação de propriedade direta da Fábrica de Linha
da Pedra, pertencente à Cia. Agro Fabril Mercantil.
A Coleção do Correio da Pedra, guardada no Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas (IHGAL), está organizada em dois volumes, sendo o
primeiro deles referente ao período de 1919 a 1926. O volume II da
coleção é referente ao período de 1927 a 1930. Este se inicia na edição
de número 431, com o jornal de 2 de janeiro de 1927.
O Correio da Pedra teve como fundadores Adolpho Santos e J. Roberto,
respectivamente, gerente e auxiliar da Fábrica de Linhas da Pedra;
Enrico Turri, chefe de escritório comercial; José Ulisses Luna, bacharel
em Direito; Virgílio Lisboa, negociante; Aloysio Cravo, dentista. A
impressão era feita na seção gráfica da Fábrica da Pedra, sob a direção
do tipógrafo Cleodon Mendes. A sede da redação ficava na Rua 13 de Maio,
n° 74, na Vila da Pedra.
Como diretores, o Correio da Pedra teve Adolpho Santos (out.
1918-nov. 1923); J. Roberto (dez. 1923-mai. 1925); João de Souza (mai.
1925-jul. 1925); e, por fim, Hildebrando Menezes (ago. 1925-mai. 1930).
Comumente, os editoriais do jornal abordavam temas de interesse
nacional, estadual ou regional, tais como instrução pública, seca, a
emigração sertaneja, necessidades sertanejas, estradas férreas (Great
Western), a cachoeira de Paulo Affonso, dívida externa brasileira,
petróleo alagoano e o cangaço.
O Correio da Pedra também reproduzia noticias inicialmente publicadas
por outros jornais, tais como O Globo, Correio do Acre, Jornal de
Alagoas, O Índio, A Vanguarda, Correio da Manhã, Jornal do Commercio, O
Paíz, Jornal de Maceió, O Luctador, O Norte, Diário de Pernambuco e
Jornal de Caruaru.
Para o governador Renan Filho, a memória jornalística do Sertão
alagoano no início do século passado estará ao alcance de pesquisadores,
historiadores, estudantes, educadores e do público em geral.
“Sinto imensa alegria e orgulho por ter a oportunidade de apresentar a
Alagoas e ao país esta preciosidade histórica: a coleção do jornal
Correio da Pedra, idealizado por Delmiro Gouveia. Esta edição especial,
que marca o centenário da morte do grande empreendedor, simbolicamente
passa a fazer parte do acervo”, citou o governador.
A publicação sairá em quatro volumes (formato box), sob a
responsabilidade da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, e será
distribuída com as instituições de pesquisa, universidades, bibliotecas e
outras instituições educacionais. O lançamento da coleção será
promovido pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da
Comunicação (Secom).
Agência Alagoas