
A fisioterapeuta Roberta Perez, especializada na
área cardiorrespiratória, tinha a vida profissional com que sonhou, mas
às custas do abandono da saúde e do autocuidado, como ela conta. “Estava
há anos sem ir ao médico, só me consultava quando caía gripada entre um
plantão e outro. Vivia um estresse constante, me alimentava super mal e
tinha péssimos hábitos”. 

Mas, ao ler uma publicação na internet, de
uma conhecida contando que estava com câncer de mama aos 26 anos, ela
ficou assustada. “Decidi que marcaria alguns médicos. Enrolei muito e
fazia o autoexame como forma de me sentir menos culpada, mas esse gesto
fez toda a diferença na minha vida.”
Um dia ela sentiu um nódulo. “Na mesma hora acendeu o
alerta. Procurei um mastologista que, na avaliação, por eu ser jovem e
sem histórico familiar, não se preocupou tanto com o caso, mas levou em
consideração a minha angústia e pediu uma biópsia. Foi assim que
descobri um câncer de mama aos 27 anos.”
Durante o tratamento de quimioterapia, em 2016, ela
decidiu que mudaria de hábitos. “Comecei a caminhar na quinta sessão e
terminei a 16ª sessão com corrida de 8 quilômetros. Descobri na
atividade física uma maneira de me empoderar como paciente e de esquecer
um pouco dos problemas.”
Ela fez a mastectomia bilateral e três cirurgias nas
mamas. Também teve um tumor benigno no ovário, que resultou na perda do
órgão e de uma trompa. “Tive depressão pós-tratamento, porque me sentia
perdida e não me encaixava mais na vida que eu tinha. Compreendi que o
maior desafio que já enfrentei era o propósito da minha vida e, em 2018,
fiz uma transição de carreira e comecei a trabalhar na causa do
câncer”. Hoje, aos 33 anos, ela é empreendedora na causa do câncer e
fundadora do Portal Vai por mim, que oferece acolhimento e informação aos pacientes de câncer.
Roberta conta que, como não queria ter filhos, optou
por não congelar óvulos. Além disso, e por conta do tratamento e com os
problemas ginecológicos, os médicos a alertaram, em 2020, que ela não
teria condições de engravidar. “Não sei se me impressionei com a
notícia, mas sonhei que tinha uma filha chamada Helena. Três meses
depois desse sonho, tentando evitar uma gravidez, engravidei de forma
natural. Optamos por descobrir o sexo apenas no parto, e no dia 12 de
setembro de 2021 meu sonho virou realidade e dei à luz a minha
sorridente Helena.”
Sintomas - O nódulo, como o que a
Roberta encontrou no autoexame, é um dos sintomas do câncer de mama.
Qualquer alteração notada na palpação ou autoexame das mamas como
nódulos e áreas endurecidas são sinais que devem ser investigados.
Outros sintomas são: alterações no formato da mama como abaulamentos,
inversão do mamilo e retração de pele. Saída de secreção transparente ou
com sangue pelo mamilo, já as secreções amareladas, esverdeadas ou
amarronzadas tendem a ser benignas.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o
câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de
células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir
outros órgãos.
Há vários tipos de câncer de mama. Enquanto alguns
tipos têm desenvolvimento rápido, outros crescem lentamente. O câncer de
mama apresenta vários estágios da doença, que variam desde tumor
inicial microscópico, tumores acometendo toda a mama, e tumores que
invadem outros órgãos, como tecido linfático, fígado, pulmão e ossos. O
câncer de mama também acomete homens, porém é raro, representando apenas
1% do total de casos da doença.
A maioria dos casos, quando tratados adequadamente e
precocemente, apresentam boa evolução, mas cada um deve ser avaliado
individualmente. “O tratamento do câncer de mama apresenta diversas
etapas, o objetivo é destruir o tumor atual, evitar que células tumorais
se espalharem para outros órgãos e reduzir as chances do tumor voltar
no futuro. O tratamento inicia-se pela quimioterapia ou pela cirurgia;
algumas caraterísticas tumorais irão guiar o mastologista nessa
decisão”, explica a mastologista e ginecologista Laura Penteado, também
obstetra e diretora clínica da Theia, clínica centrada na saúde da
gestante, que utiliza tecnologia para revolucionar a saúde da mulher.
Mamografia - A detecção precoce,
que pode ser feita por meio da mamografia, é o principal exame para
rastrear pacientes sem sintomas aparentes, explica a médica especialista
em radiologia mamária, Maria Helena Louveira, também professora da
Escola Brasileira de Medicina.
“O exame de mamografia é o principal e o único
eficaz nos rastreamentos do câncer em pacientes assintomáticas. Embora
tenhamos muitos estudos em desenvolvimento e novas tecnologias na busca
pelo câncer, ainda assim, a mamografia é o principal método. Sabemos que
existe um certo desconforto em relação à compressão das mamas no
equipamento, porém, é um desconforto rápido, que dura em torno a três
segundos, algo bem tolerável”.